O olhar disruptivo da psicopatologia fenomenológica para o adoecimento mental

Autores

  • Ariane Voltolini Paião Universidade de São Paulo
  • Andrés Eduardo Aguirre Antúnez Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.37067/rpfc.v14i1.1170

Palavras-chave:

adoecimento mental, psicopatologia, estudo de casos

Resumo

O adoecimento mental pode ser visto por diversas perspectivas dentro da psicopatologia. No entanto, apesar das limitações, a psicopatologia operacional-pragmática tem sido a visão hegemônica. O objetivo deste artigo é apresentar a visão disruptiva da psicopatologia fenomenológica a partir do estudo de três casos clínicos. As participantes responderam a escala Patient Health Questionnaire (PHQ-9) e passaram por 30 atendimentos individuais para compreensão da sua vivência temporal pelo método fenômeno-estrutural. A pontuação das jovens na escala sugeriu depressão moderada em duas delas e grave na outra. Apesar de terem alguns sintomas comportamentais semelhantes, as vivências temporais foram singulares, compartilhando a ausência do futuro sentido como abertura. Assim, conclui-se que a psicopatologia fenomenológica apresenta um papel relevante na discussão sobre o adoecimento mental. Para alguns fenomenólogos, ela pode ser uma alternativa ao modelo vigente e, para outros, é possível a integração dessas duas perspectivas, promovendo uma abordagem completa e eficaz para o cuidado da saúde mental.

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Biografia do Autor

Ariane Voltolini Paião, Universidade de São Paulo

Psicóloga. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP/USP).

Andrés Eduardo Aguirre Antúnez, Universidade de São Paulo

Professor Associado III do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Professor subsidiário do Instituto de Psiquiatria da FMUSP. Coordenador do Laboratório de Saúde Mental Multimétodo - LabSamm USP.

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Publicado

2025-04-17

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Artigo original