Uma perspectiva fenomenológico-temporal da desatenção e hiperatividade

arritmia e dessincronização

Autores

DOI:

https://doi.org/10.37067/rpfc.v14i1.1168

Palavras-chave:

Fenomenologia, Temporalidade, Desatenção, Hiperatividade, Transtorno da falta de atenção com hiperatividade

Resumo

O presente trabalho trata de uma análise fenomenológica da condição que a psiquiatria contemporânea classifica como Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Nossa investigação baseou-se principalmente na compreensão do que propriamente caracterizaria a experiência de mundo em questão para os fenômenos da desatenção e da hiperatividade. Tal experiência é marcada por uma ritmicidade particular e majoritariamente dissonante em relação à temporalidade das solicitações cotidianas mais diretas, de modo que defendemos que uma dessincronização entre a temporalidade subjetiva do paciente e os processos temporais de seu ambiente, assentadas sobre o fato de que a relação com o tempo é determinante na experiência humana, estaria na base do fenômeno da desatenção e hiperatividade. Por fim, também propomos uma reflexão sobre como a circunstância sócio-histórica vigente e seus regimes de temporalização acentuam e demarcam esse fenômeno de uma forma particular.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Daniel Victor Barbosa Magalhaes, Instituto Perdizes/HCFMUSP

Psiquiatra e psicoterapeuta pelo IPq, Psiquiatra do Instituto Perdizes do HCFMUSP, Pós-graduado em Psicologia Fenomenológica e Hermenêutica pelo Instituto Dasein, Membro da Federação Mundial de TDAH (WFADHD) - Autor da base textual e proponente da ideia inicial do artigo, de uma reflexão fenomenológica da desatenção e hiperatividade em suas perspectivas temporais e rítmicas; levantamento bibliográfico sobre ritmanálise.

Mathias Waldburger

Psicólogo graduado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Especialista em Psicologia Fenomenológica e Hermenêutica pelo Instituto Dasein - Levantamento bibliográfico, análise e tradução dos textos de Thomas Fuchs, articulação das ideias de Fuchs com o tema central do artigo, articulação do tema “Corporeidade” ao tema central do artigo, síntese das ideias gerais, autor da seção “conclusão”, revisor de formatação.

 

Gabriel Becher

Psiquiatra e psicoterapeuta pelo IPq, Bacharel em filosofia pela FFLCH, Membro da SBPFE - Revisão geral, contribuições epistemológicas e filosóficas, adequações semânticas e conceituais

André Sendra de Assis

Psicólogo e mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Doutor em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo (USP), Coordenador da Pós-Graduação lato-sensu em Psicologia Fenomenológica e Hermenêutica (Instituto Dasein) - Orientador da tese, contribuição para delimitação do tema e escopo do texto, revisão geral.

Referências

Adan-Manes, J., & Ramos-Gorostiza, P. (2014). Should Definitions for Mental Disorders Include Explicit Theoretical Elements? In Psychopathology, 47(3), 158-166. DOI: https://doi.org/10.1159/000351741

American Psychiatric Association. (2022). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5-TR (5ª ed., texto rev.). Porto Alegre: Artmed.

American Psychiatric Association. (2022). Diagnostic and statistical manual of mental disorders: DSM-5-TR (5th ed., text rev.). Washington, DC: American Psychiatric Association Publishing. DOI: https://doi.org/10.1176/appi.books.9780890425787

Andreasen, N. C. (2006). DSM and the Death of Phenomenology in America: An Example of Unintended Consequences. In Schizophrenia Bulletin, 33(1), 108–112. DOI: https://doi.org/10.1093/schbul/sbl054

Barkley, R. A. (2022). Taking charge of adult ADHD: Proven strategies to succeed at work, at home, and in relationships (2nd ed.). New York: The Guilford Press.

Barkley, R. A., & Fischer, M. (2010). The Unique Contribution of Emotional Impulsiveness to Impairment in Major Life Activities in Hyperactive Children as Adults. Adolescent Psychiatry, 49(5). DOI: https://doi.org/10.1016/j.jaac.2010.01.019

Brown, T. E. (2013). A New Understanding of ADHD In Children and Adults: Executive Function Impairments. New York: Routledge. DOI: https://doi.org/10.4324/9780203067536

Canguilhem, G. (2007). O normal e o patológico (6a ed. rev.). Rio de Janeiro: Forense Universitária.

Ehrenberg, A. (1998). La fatigue d’être soi – Dépression et Société. Paris: Odile Jacob.

Faraone, S. V. et al. (2019). Practitioner Review: Emotional dysregulation in attention-deficit/hyperactivity disorder - implications for clinical recognition and intervention. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 60(2), 133–150. DOI: https://doi.org/10.1111/jcpp.12899

Fuchs, T. (2018). Chronopathologie der Überforderung: Zeitstrukturen und Psychischer Krankheit. In Das Überforderte Subjekt: Zeitdiagnosen einer Beschleunigten Gesellschaft. Berlin: Suhrkamp.

Fuchs, T. (2001). Die Zeitlichkeit des Leidens. In Phänomenologische Forschungen. Hamburg: Felix Meiner Verlag. DOI: https://doi.org/10.28937/1000107845

Fuchs, T. (2020) Verkörperte Emotionen und ihre Regulation. In Handbuch Emotionsregulation. Springer-Verlag, Berlin, p. 20-28. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-662-60280-5_2

Fuchs, T. (2022) Der Schein des Anderen: Empathie und Virtualität. In: Verteidigung des Menschen: Grundfragen einer verkörperten Anthropologie. Suhrkamp, Berlin, p. 119-146

Fuchs, T. (2013). Temporality and psychopathology. Phenomenology and the Cognitive Sciences, 12(1), 75–104. DOI: https://doi.org/10.1007/s11097-010-9189-4

Fuchs, T. (2015). Zeiterfahrung in Gesundheit und Krankheit. In Psychotherapeut, 60. Heidelberg/München: Springer. DOI: https://doi.org/10.1007/s00278-015-0010-2

Han, B. (2015). A sociedade do cansaço (2 ed.). Petrópolis/RJ: Vozes.

Heidegger, M. (2009). Ser y tiempo (2 ed.). Madrid: Trotta.

Husserl, Edmund. (2017) Lições para uma fenomenologia da consciência interna do tempo. Rio de Janeiro, Via Vérita.

Lantéri-Laura, G. (2000). Ensayo sobre los paradigmas de la psiquiatría moderna. Madrid: Editorial Triacastela.

Lefebvre, H. (2004). Rhythmanalysis: Space, Time and Everyday Life. London and New York: Continuum.

Lezak, M. D. (2012). Neuropsychological assessment (5th ed.). New York: Oxford University Press.

Mattar, C. (2021). Depressão: Doença Ou Fenômeno Epocal. Rio de Janeiro/RJ: Via Verita.

Marmorato, P. G. (2012). A hiperatividade no tempo de Minkowski. Revista Psicopatologia Fenomenológica Contemporânea, 1(1), 124–134. DOI: https://doi.org/10.37067/rpfc.v1i1.1045

Martinez-Badía, J. (2015). Who says this is a modern disorder? The early history of attention deficit hyperactivity disorder. World Journal of Psychiatry, 5(4), 379. DOI: https://doi.org/10.5498/wjp.v5.i4.379

Messas, G., & Fukuda, L. (2018). O diagnóstico psicopatológico fenomenológico da perspectiva dialético-essencialista. Revista Pesquisa Qualitativa, 6(11), 160. DOI: https://doi.org/10.33361/RPQ.2018.v.6.n.11.189

Merleau-Ponty, Maurice. (2018) A fenomenologia da Percepção. São Paulo, Martins Fontes.

Minkowski, E. (1995). Le Temps Vécu. Paris: Presses Universitaires de France.

Nielsen, M. (2017). ADHD and Temporality: A Desynchronized Way of Being in the World. Medical Anthropology, 36(3), 260–272. DOI: https://doi.org/10.1080/01459740.2016.1274750

Nietzsche, F. (2011). A gaia ciência. São Paulo/SP: Companhia das Letras.

Parnas, J., & Zahavi, D. (2002). The Role of Phenomenology in Psychiatric Diagnosis and Classification. Em: Maj, M. et al. (Eds.), Psychiatric Diagnosis and Classification (pp. 137–162). Chichester, UK: John Wiley & Sons, Ltd. DOI: https://doi.org/10.1002/047084647X.ch6

Rosa, H., & Trejo-Mathys, J. (2013). Social acceleration: A new theory of modernity. New York: Columbia University Press. DOI: https://doi.org/10.7312/rosa14834

Verhoeff, B. (2010). Normaal of pathologisch? De visie van arts em filosoof Georges Canguilhem. In Tijdschrift voor Psychiatrie, 52, 639-647

Downloads

Publicado

2025-05-27

Edição

Seção

Artigo original